sexta-feira, 28 de abril de 2006

 

Sorrir pra qualquer pessoa, andar sem rumo na rua...

Hoje eu só quero que o dia termine bem...

 

Qualé a sua?

Aproveite o embalo, abra um vinho, desenterre os LPs e solte o verbo! Me alimente de poesia! Indique suas favoritas também!

 

Versos da MPB

Recebi um comentário que me lembrou as listinhas da Aninha.

A revista Época publicou em seu site uma lista dos 14 mais belos versos da MPB, são eles:

Quem acha vive se perdendo
Noel Rosa (em Feitio de Oração de Noel e Vadico - 1933)

Tu pisavas nos astros distraída
Orestes Barbosa (em Chão de estrelas de Orestes e Silvio Caldas - 1937)

Quem não gosta de samba, bom sujeito não é / é ruim da cabeça ou doente do pé
Dorival Caymmi (em Samba da minha terra - 1940)

Quando o verde dos teus óios / se espaiá na prantação
Humberto Teixeira (em Asa Branca de Humberto e Luiz Gonzaga - 1947)

Tire o seu sorriso do caminho / que eu quero passar com a minha dor
Guilherme de Brito (em A flor e o espinho, de Guilherme, Nelson Cavaquinho e Alcides Caminha - 1957)

A felicidade é como gota de orvalho numa pétala de flor / brilha tranqüila, depois de leve, oscila / e cai como uma lágrima de amor
Vinícius de Moraes (em A Felicidade de Vinícius e Tom Jobim - 1959)

Hoje eu quero paz de criança dormindo / quero abandono de flores se abrindo/ para enfeitar a noite do meu bem / quero a alegria de um barco voltando / quero ternura de mãos se encontrando / para enfeitar a noite do meu bem
Dolores Duran (em A noite do meu bem - 1959)

Com a corda mi do meu cavaquinho / fiz uma aliança pra ela / prova de carinho
Adoniran Barbosa (em Prova de carinho de Adoniran e Hervê Cordovil - 1960)

Foi um rio que passou em minha vida / e o meu coração se deixou levar
Paulinho da Viola (em Foi um rio que passou em minha vida - 1969)

O Rio de Janeiro continua lindo / o Rio de Janeiro continua sendo / o Rio de janeiro, fevereiro e março
Gilberto Gil (em Aquele abraço - 1969)

Acho que a chuva ajuda a gente a se ver / venha, veja, deixa, beija, seja o que Deus quiser / a gente se embola, se embola só para na porta da igreja / a gente se olha, se beija, se molha de chuva, suor e cerveja
Caetano Veloso (em Chuva, suor e cerveja - 1972)

Queixo-me às rosas / mas que bobagem, as rosas não falam/ simplesmente as rosas exalam / o perfume que roubam de ti
Cartola ( em As rosas não falam - 1976)

Como se na desordem do armário embutido / meu paletó enlaça teu vestido / e o meu sapato inda pisa o teu
Chico Buarque (em Eu te amo - 1980)

Te perdôo porque choras / quando eu choro de rir / te perdôo por te trair
Chico Buarque ( em Mil perdões - 1983)

Gostei de muitos versos e desconsiderei alguns:

"O Rio de Janeiro continua lindo / o Rio de Janeiro continua sendo / o Rio de janeiro, fevereiro e março"???? Qual a beleza? O Rio realmente é lindo (lembro de uma manhã de sol num avião fazendo a curva sobre a Guanabara para aterrizar no Santos Dumont, nada mais lindo) mas esse verso não faz jus a sua beleza.
Do Adoniran, prefiro "Teu olhar mata mais do que bala de carabina / que veneno estriquinina / que peixeira de baiano", mas gosto da citada também.
Noel Rosa (Clara Nunes também), na mesma música canta: "batuque é um privilégio / ninguém aprende / samba no colégio". Tem mais a minha cara. Vida de rua, bagagem da vida, malandragem pra enganar o que te encana.
Com Caymmi vou até pra Maracangalha.
Quando escuto Luiz Gonzaga logo me lembro do meu pai, com sua coleção de míseras 04 fitinhas cassete. Ele gostava de
Assum Preto . "Furaro os óio do Assum Preto / Pra ele assim, ai, cantá de mió". Eu ficava sem intender... gente-grande chorando por causa de um passarinho na música? Para mim, só crianças gostavam de periquitos.
Do Vinícius, gosto de tudo. Tenho um motivo muito especial para amar "Soneto de Amor Maior", mas "tristeza não tem fim / felicidade sim" já dizia o poetinha (sem pejorativos, apenas o carinho íntimo de fã).
Vocês sabiam que o Cartola desistiu da música e foi se virar de porteiro por causa da morte da esposa? Um dia, reencontrou-se com o Sérgio Porto (Stanislaw Ponte Preta) que o convenceu a voltar a ativa. Conheceu a D. Zica, montou um restaurante com ela e virou mito (deve Ter sacado que amor eterno, só de cisne).
O que esperar de um cara desses, senão "As Rosas Não Falam"? Desde moleque, entre horas contínuas de Led Zeppelin e Hendrix, eu separava momentos de melancolia induzida para escutar "vooolto ao jarrrdimmmm...".
E para terminar, o mais poético de todos os versos da MPB! Esse Chico Buarque é demais mesmo! Vai ser genial assim lá na casa do Zé Oreia! Como alguém consegue com tanta desenvoltura traduzir tanto a alma feminina quanto o whisky masculino????
Ele merece espaço não só para um verso, mas para a música inteira (e quiçá uma lista só para suas músicas).



Atenção: Não escute em momentos de crise! Perigo de desidratação!

EU TE AMO
Ah, se já perdemos a noção da hora
Se juntos já jogamos tudo fora
Me conta agora como hei de partir

Ah, se ao te conhecer
Dei pra sonhar, fiz tantos desvarios
Rompi com o mundo, queimei meus navios
Me diz pra onde é que inda posso ir

Se nós nas travessuras das noites eternas
Já confundimos tanto as nossas pernas
Diz com que pernas eu devo seguir

Se entornaste a nossa sorte pelo chão
Se na bagunça do teu coração
Meu sangue errou de veia e se perdeu

Como, se na desordem do armário embutido
Meu paletó enlaça o teu vestido
E o meu sapato inda pisa no teu

Como, se nos amamos feito dois pagãos
Teus seios inda estão nas minhas mãos
Me explica com que cara eu vou sair

Não, acho que estás te fazendo de tonta
Te dei meus olhos pra tomares conta
Agora conta como hei de partir.




segunda-feira, 17 de abril de 2006

 

Tô feliz!


Inspirado pela inspiração do Blog's Burger e por outros acontecimentos atuais na minha vida, entrei numa fase gargalhada (tipo 1º back).

 

Coisas de Criança

O avô chega pra neta de 5 anos:
- Camilinha, Camilinha, você é uma gracinha!
Ela responde:
- Vovôzinho, vovôzinho, você é um bobinho.
Mas o avô não se dá por vencido.
- Nossa, Camilinha, você está tão bonita assim, vestida toda de branco. Parece uma médica. Você vai fazer medicina quando crescer, Camilinha?
- Não. Vou ser dentista.
- Ah, então você vai cuidar dos dentes do vovô quando crescer?
- Claro que não, vô. Quando eu me formar, você já vai ter morrido há muito tempo.
Chupado do Blog da Lulu – Um mundo sem noção


No meio da correria das compras de Natal, a Tia puxava a sobrinha pela mão no corredor de um shopping.
Ao perceber que a sobrinha não conseguia acompanhar seus passos ligeiros, a Tia pergunta:
- Querida, a titia está correndo muito?
- A titia não, mas eu tô!

Contada pela Raíssa.

- Mãe, peido pesa?
- Não, meu filho!
- Então, caguei!

Única piada que meu pai sabe contar.

Duas teorias escatológicas do Marcelo Magú
1) Quando a vontade de cagar for grande, assente numa quina que passa.

2) A bosta vem precedida de três avisos (vontades):
No primeiro, solta um pum que passa.
No segundo, apresse o passo, ou assente numa quina. Não peide, pode sair molhado.
No terceiro, não adianta mais assentar na quina.


segunda-feira, 10 de abril de 2006

 

Divagações sobre o texto da Dé

A Dé, minha amiga e inspiradora constante, escreveu algo que reavivou memórias enterradas pelo tempo e outras recentes, mas esquecidas pelo orgulho. O Texto dela, é sobre uma personagem urbana curiosa, o Amolador de facas tesouras e alicates de unha (assim mesmo, sem vírgula, como bem escrito por ela).

Também tenho simpatia pelo(s) amolador(es). Acho que devem ser vários, talvez até da mesma família, ou mestres de ofício (daqueles pré revolução industrial, que tinham poucos aprendizes).
Fico triste ao perceber que cada vez ouço menos a conhecida melodia. É sinal que este é mais um ofício que está desaparecendo (como os alfaiates, vendedores de pralinê, ...).


Sempre que ouço o Amolador entoando sua ladainha, lembro-me da Conceição, ou Çãozinha para os íntimos, uma empregada que praticamente me criou. Só ela conhecia a identidade do Amolador, e só ela poderia no redimir da dúvida: Será o mesmo sujeito que eu escutava na minha infância?
Era uma mulher séria, mas carinhosa. Devia medir 1,20 m e não tinha muita sorte no amor. Eu torcia para que ela se apaixonasse pelo Amolador, que devia ser um cara romântico. Mas, não. Ele gostava do vigia casado, do guardinha safado ou do faxineiro gay. (Hiperlink mental: Alguém pode me explicar essa atração das domésticas pelas fardas?)
Ela devia se apaixonar pelo Amolador... já o conhecia tão bem, que pressentia sua aproximação e, mesmo antes que solicitássemos, lá estava ela na rua amolando todas as facas da casa. Seria um casal bacana. Poderiam entoar: amolamos facas tesouras alicates de unha temos pão de queijo caseiro.

O texto também me remete a outra memória, essa mais recente. Ha algum tempo atrás, o Sebrae recolheu informações sobre os Mestres de Ofício de Minas. Descobri coisas interessantes... nunca imaginaria como são feitos os sinos de nossas catedrais, pensava que eram importados de alguma siderúrgica tradicional de um país europeu. Nada disso, são feitos por um senhor muito simpático e seus poucos aprendizes, logo ali em Uberaba.
E as selas, aquelas para montar cavalos? Nem todas são importadas pela Lúcia Veríssimo e Beto Carreiro. Ainda existe um produtor artesanal em Conceição do Mato Dentro.
A Rabeca, prima pobre do violino, tem berço em Alto Belo, e a Dona Izabel ganhou o Prêmio Unesco de Artesanato com sua cerâmica do Jequitinhonha.

Por essas e outras é que era bom trabalhar no Sebrae.

 

Leminski pra curar essa azia

Bem no Fundo


No fundo, no fundo,
bem lá no fundo,
a gente gostaria
de ver nossos problemas
resolvidos por decreto

a partir desta data,
aquela mágoa sem remédio
é considerada nula
e sobre ela — silêncio perpétuo

extinto por lei todo o remorso,
maldito seja que olhas pra trás,
lá pra trás não há nada,
e nada mais

mas problemas não se resolvem,
problemas têm família grande,
e aos domingos saem todos a passear
o problema, sua senhora
e outros pequenos probleminhas.

Leminski

segunda-feira, 3 de abril de 2006

 

Um dia bom

Chegou em casa mais uma vez cansado.
Camisa suada e sapato apertado.
O trânsito, como sempre, engarrafado.

O telefone não parou de chamar.
O colega que não parava de reclamar.
Uma reunião sem hora para acabar.

Almoço rápido,
Estômago ácido.

A dor de cabeça, disfarçou com um sorriso.
Tomou muito café, falaram que é bom para isso.
Tomou Melhoral,
que é melhor e não faz mal.
E uma Neosaldina da faxineira
Êta Segunda-feira!

O xerox estragou.
A gasolina aumentou.
O cliente reclamou urgência,
Resolveu logo a pendência.

Trabalhou sem respirar.
Não conseguiu parar de fumar.
Tomou muito café, não é bom para quem quer parar.
Não acertou a Sena.
Foi retido no imposto de renda.

O computador está uma carroça.
Encontrou com o amigo de quem não gosta.
O calor estava de matar.
O telefone não parou de chamar.
Trabalhou sem respirar.

Chegou em casa mais uma vez cansado.
Tirou a camisa e o sapato apertado.
Olhou pela janela o trânsito engarrafado.

Colocou um CD de Nina Simone em segundo plano,
Assobiou junto com o piano.
Mais um dia do ano.

Assentou sem ninguém por perto,
Já com o vinho aberto.
Tamborilou os dedos no ritmo certo.

Respirou.
Pensou descansado.
Todos os telefonemas foram dados,
Nenhum relatório atrasado.
Escutou as queixas do colega com paciência.
Na reunião, provou sua competência.

Recebeu um elogio da garçonete no almoço,
Disse que parecia mais moço.

A copeira fez o café à sua maneira,
À pedido da faxineira.
Simpática a moça da Neosaldina,
Sempre elogiou a atenção dessa menina.


A gasolina aumentou.
O clima refrescou.
Graças à Deus o tanque está cheio,
E o mês já está no meio.

O amigo ficou agradecido,
Por ele ter sido tão solicito.
Recebeu um telefonema da moça da noite passada,
Se declarando apaixonada.

A música acabou,
O vinho também.
O sono chegou.
Dormiu como neném.

O dia foi bom!
Dormiu exaurido,
Com sensação de dever cumprido.
O salário de um homem bom.

 

Quem faz sentido é soldado

imagem by: sapatinhos vermelhos

sábado, 1 de abril de 2006

 

Tecnicolor Dreams



Quem foi que disse que sonhos são P&B?

Meus sonhos com você sempre são coloridos.


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