segunda-feira, 20 de março de 2006

 

Ferrugem na boca

Quando eu era criança, esperava que a ceia de natal fosse servida com ansiedade. Não pelos pratos festivos recorrentes nessa festividade, nunca gostei de perú, lombo, pernil assados (sempre considerei-os como comida de engasgar lobo). Esprava ansioso a única oportunidade anual de beber vinho.

(Hoje em dia, e principalmente fora das regiões vinículas, politicamente incorreto. Graças à Deus, minha família nunca se preocupou com o discurso demagogo, mas primava pela ética nas ações.) Nota do redator:Desculpem o hiperlink mental.

Tudo bem que era um vinho Surpresa, que não primava pela qualidade, mas sim pela doçura. Eu não ligava para a qualidade, nem pela doçura.Eu gostava da cerimônia e, principalmente, da sensação de ter algo repuxando na boca e na garganta logo após o primeiro gole.
Esta sensação, estranha para não iniciados, é causada pelo tanino da uva. Talvez o responsável por afugentar iniciantes pouco persistentes (a boca acostuma com o tanino).
Depois de alguns anos bebendo vinho, percebemos que este tanino causa 'ferrugem' nos dentes.

Foi o quê percebeu um empregado da Vinícula A. A. Ferreira, produtora do vinho Ferreirinha. A indústria passava por momentos financeiros difíceis, e havia tempo não pagava salários aos seus empregados.
Em um dia de inspiração escatológica, um de seus funcionários escreveu na porta do banheiro masculino:
"Ferreirinha, Ferreirinha,
tão gostoso és tú.
Das ferrugem na boca
e teia de aranha no cú."

Salve a inspiração repentina de uma cagada!

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