quinta-feira, 23 de março de 2006

 

Sessão Genialidade II

Foto por: http://www.flickr.com/photos/rivello/

Se eu pudesse apresentar
Niemeyer para a Bruna

No ano passado ajudei minha filha a fazer um trabalho de escola. O pedido de auxílio não partiu dela (com o gênio que tem, nunca daria o braço a torcer), veio da mãe.
Só a possibilidade de poder ajudar já me encheu de alegria e entusiasmo, mas quando soube do tema, delirei.
Niemeyer e Da Vinci!
Imaginem minha alegria. Eu, que por treze anos, não pude exercer o amor paterno (dar carinho, desejar bênçãos, repreender, compartilhar sorrisos, cantar parabéns, fazer ninar e, principalmente ensinar), receber como primeira incumbência ajudar num trabalho sobre dois gênios que eu admiro mais que tudo. Só podia ser coisa de Deus.
Aqui neste texto, vou me ater ao único gênio brasileiro ainda vivo (na minha opinião), a quem já admirava desde a tenra infância. Lembro-me bem do dia que, sentado com meu pai numa mesa de um restaurante no Rio, ele me mostrou uma mesa de intelectuais. Meu pai discorreu sobre cada um deles (são esses tipos de momentos que me faltaram partilhar com a Bruna), mas me concentrei mais em um senhor de idade já avançada (apesar das presenças também ilustres de Vinícius de Moraes e Tom Jobim), mas que emanava serenidade. Pelo que meu pai me contou, considerei-o muito doido: um cara que transformava em curvas o que sempre foi reta, que fez a Pampulha e Brasília. Na minha mente infantil, um sujeito que “fez” uma lagoa tão grande e uma cidade “inteira” só podia ser genial. E conforme o relato do meu pai, o Arquiteto era acima de tudo um cidadão preocupado com os pobres, um Comunista! (Eu adorava comunistas).
Vários anos depois, próximo da maioridade, conheci pessoalmente o gênio da minha infância por intermédio do
Ministro José Aparecido de Oliveira (pai do meu grande amigo José Fernando). Estávamos na Fazenda Santa Cecília, onde foi construída uma capela projetada por Niemeyer, quando o ministro me chamou para apresentar um grupo de amigos que o visitavam. Um grupo interessante: Ziraldo, Sebastião Nery, alguns prefeitos da região, vários bajuladores e, sentado numa mesa redonda mais afastado, Oscar Niemeyer! Não consegui ultrapassar a cordialidade dos cumprimentos. Fiquei imobilizado pela admiração. Nem prestei atenção às anedotas política do Tião Nery. Nem o pai do Menino Maluquinho conseguiu desviar minha atenção. Niemeyer pouco disse. Acho que estava desenhando mentalmente as curvas da futura capela em forma de caracol.
Não sei a nota que o professor deu para o trabalho da Bruna, mas deve ter sido 10, pois foi feito com amor (pela filha e pelo Arquiteto) e com o entusiasmo de fã incondicional (da filha e do Arquiteto).
Sei que um dia, eu e ela ainda sentaremos para conversar sobre Niemeyer, Da Vinci, livros, músicas, cães, cinema, compreensão e amor.



Comments:
FIRST COMMENT!!!! uhuhuhhuhu
ta lindo isso aqui.. e como um bom vinho, vai melhorar com o tempo, pq a safra é da melor qualidade!!!!
te adoro! isso aqui tem cheiro de sucesso (sem camarão, óleo ou outras cositas mas....rsss)
bjosss
 
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