segunda-feira, 10 de abril de 2006

 

Divagações sobre o texto da Dé

A Dé, minha amiga e inspiradora constante, escreveu algo que reavivou memórias enterradas pelo tempo e outras recentes, mas esquecidas pelo orgulho. O Texto dela, é sobre uma personagem urbana curiosa, o Amolador de facas tesouras e alicates de unha (assim mesmo, sem vírgula, como bem escrito por ela).

Também tenho simpatia pelo(s) amolador(es). Acho que devem ser vários, talvez até da mesma família, ou mestres de ofício (daqueles pré revolução industrial, que tinham poucos aprendizes).
Fico triste ao perceber que cada vez ouço menos a conhecida melodia. É sinal que este é mais um ofício que está desaparecendo (como os alfaiates, vendedores de pralinê, ...).


Sempre que ouço o Amolador entoando sua ladainha, lembro-me da Conceição, ou Çãozinha para os íntimos, uma empregada que praticamente me criou. Só ela conhecia a identidade do Amolador, e só ela poderia no redimir da dúvida: Será o mesmo sujeito que eu escutava na minha infância?
Era uma mulher séria, mas carinhosa. Devia medir 1,20 m e não tinha muita sorte no amor. Eu torcia para que ela se apaixonasse pelo Amolador, que devia ser um cara romântico. Mas, não. Ele gostava do vigia casado, do guardinha safado ou do faxineiro gay. (Hiperlink mental: Alguém pode me explicar essa atração das domésticas pelas fardas?)
Ela devia se apaixonar pelo Amolador... já o conhecia tão bem, que pressentia sua aproximação e, mesmo antes que solicitássemos, lá estava ela na rua amolando todas as facas da casa. Seria um casal bacana. Poderiam entoar: amolamos facas tesouras alicates de unha temos pão de queijo caseiro.

O texto também me remete a outra memória, essa mais recente. Ha algum tempo atrás, o Sebrae recolheu informações sobre os Mestres de Ofício de Minas. Descobri coisas interessantes... nunca imaginaria como são feitos os sinos de nossas catedrais, pensava que eram importados de alguma siderúrgica tradicional de um país europeu. Nada disso, são feitos por um senhor muito simpático e seus poucos aprendizes, logo ali em Uberaba.
E as selas, aquelas para montar cavalos? Nem todas são importadas pela Lúcia Veríssimo e Beto Carreiro. Ainda existe um produtor artesanal em Conceição do Mato Dentro.
A Rabeca, prima pobre do violino, tem berço em Alto Belo, e a Dona Izabel ganhou o Prêmio Unesco de Artesanato com sua cerâmica do Jequitinhonha.

Por essas e outras é que era bom trabalhar no Sebrae.

Comments:
"...amiga e inspiradora constante..."
Gente, ganho o dia com essas coisas!!! E o amolador reina nas ruas da cidade né... Acho q por enquanto ele nao será extinto... (e ainda acho que existe a AAFTA)
Bjos da Dé/ Debday
 
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